sábado, 2 de setembro de 2017

PRIMEIRAS SETEMBRINAS

1.
A mínima poesia
Em seus poucos versos
E várias entrelinhas
Trazem mais informações
Que toda uma vida
Despejada no sofá.
A verdade é que muitas letras me confundem
E tenho medo de me afogar.
Sou péssimo nadador
Sem nem ter aprendido voar.
Por isso
Não me alongo :
Prefiro o morro ao mar.


2.
Livre o livro voou
Planou perto do sol 
Beijou a face da lua
E
Inesperadamente
Pousou num canto da biblioteca. 
Estava preso por amor.

3.
A décima parte de uma poesia
É construção.
Uma mínima parte
É mera lapidação.
Todo o resto
Luzes
Dores
E aforismos
São flores em desconstrução.

4.
Do galho seco surgiu uma folha
que deu semente e se fez em flor.

Acocorado debaixo da velha árvore
com o machado em mãos
O homem se via perdido numa encruzilhada:
Era ainda Agosto,
Ou a Primavera já se achegava?


5.
Desnudo,
Abro a gaveta 
E entre tantas caras
Procuro
Paciente
a que melhor se encaixe
Na minha pobre poesia.


6.
Nesta sórdida nau, navegamos ao futuro incerto.
Não é preciso planos
Teses ou ações. 
Basta que fechemos os olhos e abramos asas à liberdade.


Talvez não passemos de fantoches,
Inocentemente manuseados
Por alguma infante mente nuclear;
E, enquanto escrevo poesias,
Nalguma parte costeira desta pobre embarcação,
Algum poeta desanuviado
Já tente se libertar
Aportando-se na triste praia da razão.

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