Foi Margarida quem chegara com a notícia de que o coronel Gregório
estava precisando de gente para mexer com a carvoeira.
- Diz ele que é pra mexer de meia. “Seu” Gregório dá toda aquela parte
perto do Córrego, lá pra os lados do Traçado. Talvez nós dois damos conta, Juca.
É a chance de nós ganharmos alguma coisa...
Fazia tempos que Juca pensava em alguma forma de ajudar dentro de casa.
Desde que chegara ali, era apenas Margarida quem trabalhava, punha as coisas
dentro de casa, enquanto ele ficava à toa, sem ter o que fazer.
Preguiça de trabalhar não tinha. Pegasse a carvoeira e trabalhasse que
nem um condenado; depois iam embora, viveriam os dois em alguma cidade por ali.
Talvez montasse uma vendinha e teriam o de comer e o de beber, uma casinha boa
e alguns meninos correndo pelo quintal, debaixo das mangueiras e dos
pequizeiros.
- Mas só nós dois não damos conta do serviço, Margarida. Você tem
coragem de trabalhar, mas só disposição não basta. Precisamos de mais alguém. A
terra é grande, muitas árvores pra cortar, muito carvão por fazer. Amanhã vou
conversar com o coronel. Se ele deixar, faço um rancho lá na carvoeira; chamo o
Marciel pra ajudar e você fica por conta da comida e do café. Nas horas do
aperto, você ajuda no carvão.
A mulher não conhecia a história do amigo. Juca nunca dissera aquele
nome. Não ousara perguntar. Ficou feliz com a decisão do marido e pôs-se a
planejar o futuro de ambos, cheio de dinheiro e filhos.
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