Elismar Santos
Aos
amigos, um dia, quando a noite já chegava,
Enviei,
levemente, um abraço,
Quase
um pedido de socorro,
Tristemente
camuflado num pedaço de canção.
Um,
que era próximo e solícito,
Não
entendera o pedido,
Ou,
não creio eu, fez-se desentendido.
Perdoei-o
pela velha amizade.
Outro,
que era tonto e embriagado,
Ocupara-se
no boteco com as garrafas,
Sem
mais tempo para vir.
Perdoei-o
pela sua insanidade.
Ainda
teve outro velho amigo,
Bem
prático e metódico,
Que
não viera por estar atarefado.
Perdoei-o,
com um pedido de perdão.
Já
era noite quando alguém me ligou.
Não
era qualquer amigo
Ou
sequer um grande irmão.
Era
apenas um poema, a doer-me o coração.
Depois
de ouvi-lo
E,
por um momento, pensar em publicá-lo,
Rasguei-o
envergonhado.
E
perdoei-me por tamanha desilusão.
XX
Foi
de manhã, porém, quando os pássaros, meninos alados a cantar, teciam poemas de
outrora, que o remorso me batera à porta da solidão. Foi de manhã que os
sonhos, que não me vieram visitar quando a noite povoava a minha alma,
cochicharam aos meus ouvidos e disseram que as amizades eram como flores. Foi
de manhã, enquanto a lua escondia-se por detrás do monte mais verde e o sol
queimava as tristezas, que os boêmios deixaram nas entranhas das putas velhas
das zonas boemias dos recantos afastados do passado, que tudo me esclareceu,
enquanto nada se valia por dizer.
XX
Unem-se
as nuvens celestes
Enquanto
os ventos revoltam
Feito
entristecidos poetas
Rebelando-se
arduamente
Em
mórbida revolução
Sem
qualquer porto seguro
E
nenhuma convicção.
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