terça-feira, 20 de novembro de 2018

KEVIN ALEXSANDER


Faz uma semana que Kevin nasceu, cheio de sonhos, com o viço e a esperança que todas as crianças sempre trazem consigo e que, nós, adultos inveterados, guardamos tristemente em alguma gaveta, da qual nunca mais lembramos a real localização. Talvez tenha chorado ao nascer, para, um pouco depois, descansar de todo o trabalho despendido, no sereno colo materno, enquanto Alex certamente segurava umas lágrimas, que sempre teimam em cair.

Pode ser que Kevin, quando grande, seja locutor, o Famoso Kevin Alexsander, com sua possante voz de veludo; pode ser ainda que lecione Português e Espanhol na rede estadual de ensino; é possível que, nas horas vagas, trabalhe como DJ, animando as almas dos jovens que ainda não terão se perdido nas entranhas dos cursinhos pré-vestibulares ou nos emaranhados das redes sociais; mas, certamente, Kevin Alexsander haverá de ser artista como o pai, fazer teatro e hipnotizar sonhos.

Os tempos não são mais os mesmos e, por isso, o menino Kevin não haverá de descer a Amintas Sales, carregando um caixote de engraxate, empurrando um carrinho de picolés; assim como não jogará bola à beira da barragem do Renovação, não buscará pequi na mangas de Zé Lopes, nem caçará passarinho no Santa Tereza.

Pode ser que Kevin não seja, e certamente não será como o pai, mas, convenhamos, os filhos são a evolução dos pais e, por isso, trazem consigo toda a esperança de que tudo possa ser bem melhor do que hoje, do que fomos, do que sonhamos.

Faz uma semana que Kevin nasceu, cheio de sonhos. E, agora, enquanto dorme, embalado por alguma canção de ninar, ou brinca tranquilamente no seu berço, a pequena criança tem a plena certeza de que o menino é o pai do homem. E, subitamente, as lágrimas teimam em descer dos olhos de Alex, num átimo inconteste de felicidade.

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