Faz uma semana que
Kevin nasceu, cheio de sonhos, com o viço e a esperança que todas as crianças
sempre trazem consigo e que, nós, adultos inveterados, guardamos tristemente em
alguma gaveta, da qual nunca mais lembramos a real localização. Talvez tenha
chorado ao nascer, para, um pouco depois, descansar de todo o trabalho
despendido, no sereno colo materno, enquanto Alex certamente segurava umas
lágrimas, que sempre teimam em cair.
Pode ser que Kevin,
quando grande, seja locutor, o Famoso Kevin Alexsander, com sua possante voz de
veludo; pode ser ainda que lecione Português e Espanhol na rede estadual de
ensino; é possível que, nas horas vagas, trabalhe como DJ, animando as almas
dos jovens que ainda não terão se perdido nas entranhas dos cursinhos
pré-vestibulares ou nos emaranhados das redes sociais; mas, certamente, Kevin
Alexsander haverá de ser artista como o pai, fazer teatro e hipnotizar sonhos.
Os tempos não são mais
os mesmos e, por isso, o menino Kevin não haverá de descer a Amintas Sales,
carregando um caixote de engraxate, empurrando um carrinho de picolés; assim
como não jogará bola à beira da barragem do Renovação, não buscará pequi na
mangas de Zé Lopes, nem caçará passarinho no Santa Tereza.
Pode ser que Kevin não
seja, e certamente não será como o pai, mas, convenhamos, os filhos são a
evolução dos pais e, por isso, trazem consigo toda a esperança de que tudo
possa ser bem melhor do que hoje, do que fomos, do que sonhamos.
Faz uma semana que
Kevin nasceu, cheio de sonhos. E, agora, enquanto dorme, embalado por alguma canção
de ninar, ou brinca tranquilamente no seu berço, a pequena criança tem a plena
certeza de que o menino é o pai do homem. E, subitamente, as lágrimas teimam em
descer dos olhos de Alex, num átimo inconteste de felicidade.
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