quinta-feira, 15 de novembro de 2018

NÓS, OS TIOS ATLETICANOS COM MAIS DE TRINTA


            É batida a ideia de que todo brasileiro seja um técnico em potencial, porém, já não se trata de uma verdade tão latente, sobretudo, após o advento da internet e seus agregados. As crianças já não assistem ao futebol como assistíamos antigamente. E, com isto, já não se contentam em ficar por mais de noventa minutos vendo uma partida de qualquer time brasileiro; assistem aos jogos do Barcelona, Chelsea, Manchester City, Real Madrid, mas ignoram, por exemplo, um Atlético e Cruzeiro. Ir ao estádio, só se for na Europa. Por aqui, preferem ficar de frente ao videogame, jogando com algum time europeu.

            Cabe a nós, portanto, os tios com mais de trinta, sofrer com os jogos do Galo. E como temos sofrido com as suas enfadonhas apresentações. Não pela esperança de que o time dê shows, que goleie seus adversários, que encha os olhos dos aficionados; mas, sofremos pela covardia, pela apatia dos milionários atletas que envergam a camiseta alvinegra, sem o sangue nos olhos que caracterizavam tantos atletas de outros tempos.

            Jogadores de habilidade, de classe, de grandes enfeites são bem-vindos em qualquer grande clube; mas, os alvinegros, diferentes de muitos outros, não fazem conta destes. Pedem apenas que joguem com raça, virilidade, que se doem ao nosso time, assim como fizeram tantos outros que não sabiam nem ao menos fintar, mas que corriam durante todo o jogo, se matavam em campo e jogavam bola como se a grama fosse o seu prato de comida, e a bola um vistoso pedaço de carne.

            Continuemos nós, os tios com mais de trinta, a carregar o glorioso Galo das Minas Gerais, esperando que um dia não precisemos mais contar com Patric, Elias, Cazares, Denílson e tantos outros que muito pouco fazem pelo nosso time, contribuindo apenas para o seu endividamento, sem levarem em conta toda uma vida de lutas e conquistas que tornaram o Clube Atlético Mineiro num dos grandes clubes do Brasil.

            Enquanto não chegam os jogadores que queremos; enquanto a diretoria não realiza o seu trabalho com a eficiência que sonhamos; enquanto os títulos não retornem às nossas mãos, aprazamos em ver em um jogo contra o rebaixado Paraná, onde, com dois jogadores a mais, nossos “imponentes” atletas toquem a bola de um lado para outro, sem atacar, sem ameaçar verdadeiramente o fraco adversário, com medo de levar um contra-ataque. Isto é o que nos dão, mas não o que queremos. E tenho dito!
              


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