terça-feira, 13 de novembro de 2018

SOBRE A MINHA INAPTIDÃO DECLARADA PARA O FUTEBOL


Seguindo a genética da família, se é que isto conta neste caso, nunca prestei para o futebol, embora sempre gostasse de correr atrás da redonda. Assim, de domingo a domingo, detrás do parque, no campinho do Buriti, Renovação, Diamante, ou no campinho de Menom, lá estava eu, correndo de um lado para outro, chutando a bola igual doido.

 A prova de que não prestava para o futebol é o fato de eu ter passado por todas as posições nas quatro linhas. Comecei pela defesa, atuando "gloriosamente" pela zaga, no campinho detrás do parque e, depois, no Real Madri corjesuense. Não tinha preferência por nenhum quadrante próximo à área e, portanto, jogava pela direita, pela esquerda ou no centro, falhando em qualquer um dos seus quadrados.

Depois, aproveitando da minha velocidade, embora o fôlego não ajudasse,literalmente, caí para os lados do campo, jogando, ora pela direita, ora pela esquerda; correndo quase velozmente por ambos os lados, não cruzando nem defendendo, pois, quase não ia ao ataque e, incrivelmente, quando ia, igual louco, não tinha fôlego para retornar à defesa.

Por uma ocasião, no campo do Cecorje, grama alta, onde todos sempre queríamos jogar, pois era o estádio da cidade e, consequentemente, apenas jogos de maior monta eram ali realizados, joguei pelo meio de campo. Como não era volante nem meia, não atacava nem armava; apenas ficava, feito galinha tonta, correndo de um lado para outro.  Ato contínuo, fui rapidamente substituído pelo treinador, terminado de assistir ao jogo debaixo de uma sombra, encostado no muro.

No ataque, joguei também uma vez, num torneio debaixo de chuva, numa manhã de domingo, no pelador do Renovação. Na única chance clara de gol, numa maldita bola que me sobrou, ficamos o goleiro e eu frente a frente. O gol enorme me sorrindo e Araponga (este era o nome do goleiro) pulando que nem canguru, crescendo em minha direção. Desesperado, mandei a bola pelo alto, enquanto deveria apenas tê-la tocado por baixo, no canto ou entre as pernas do arqueiro. Ela foi lenta, direto nas mãos do goleiro, que saiu rindo da minha cara.  Como consequência, atendendo aos pedidos da torcida e dos outros jogadores do meu time, fui substituído, e ainda saí vociferando, maldizendo a substituição.

Por último, num átimo de loucura, cismei de ser técnico. Primeiro, num time de garotos da escola, num campeonato interclasses: chegamos à final, mas, devido às fortes chuvas e as goteiras na quadra do CAIC, não houve o jogo final. Depois, num jogo do Real, quando tentei, sem sucesso, substituir um dos nossos atletas que teimava em não sair. Para não ficar queimado, tirei um dos menos espirituosos, que, para o meu azar, estava jogando bem àquela tarde e, com a sua saída, logo numa falha do seu suplente, levamos um gol.

 Depois, aproveitando de um telefonema da rádio, onde solicitavam a minha presença, para substituir um locutor, que por algum motivo, precisava sair do ar, retirei-me da beira do campo, aposentando-me do cargo e dos encargos futebolísticos.

Hoje, uns tantos quilos acima e sem o viço de outros tempos, ajeito-me tranquilamente no sofá e munido do controle remoto e de algumas latas de cerveja, com um belo prato de tira-gosto sobre a mesinha, aprazo-me em reclamar dos jogadores do Galo, vociferando contra o Levir que, erroneamente, bota o Elias em Campo, ainda por cima, como segundo volante, num famigerado 4, 2, 3, 1, com Luan se matando em todos os quadrantes do campo e o Cazares passeando, inoperante, em campo.

E, novamente, confirmando a minha inaptidão para o futebol, dentro ou fora das quatro linhas, Elias, numa bonita jogada pela esquerda, tabelando com Cazares e, em seguida, caindo para o meio de campo, recebe uma bola açucarada, tocada por Fábio Santos, e marca um belo gol, para a minha felicidade.

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