Acordei com a notícia
de que a operação Capitu está sendo posta em prática pela PF aqui em Minas.
Parece que as coisas estão se encaminhando, ainda que lentamente, para uma
limpeza pública e, ainda que eu não acredite tanto mais no ser humano, fica a esperança
de que alguma coisa seja, de fato, consertada, sem que precisemos voltar ao
ponto de partida. O que, aliás, eu acredito que seja o melhor: começar tudo de
novo.
No Rio parece que
também estão acontecendo algumas operações, com prisões de gente grande, igual
por estas bandas. É muita sujeira para limpar. E, muitas vezes, é gente suja
limpando as sujeiras praticadas por outros sujos. Parece estranho mesmo, mas, a
vida é realmente desta maneira, pois, quase sempre, alguém tem rabo preso com
outrem e com outro e outro e outro, numa cadeia quase infindável. Mas ainda
resta esperança. Isto é o que importa.
Apesar da seriedade da
coisa, o mais interessante são os nomes dados às operações. A atual mineira,
por exemplo, chama-se Capitu. Seria por que alguém traiu alguém?! Dúvida irrespondível,
afinal, ainda não há o veredito sobre se Capitu traiu ou não o pobre Bentinho.
O certo é que ele continua na boca do povo, levando todos os nomes, sofrendo
todas as maledicências da urbe. Depois de tantos anos, ainda não pararam de
zoar o coitado.
Alguns amigos meus
dizem que ela o traiu, afinal, não teria como o filho nascer à cara do Escobar
se Capitu não tivesse um caso com ele. Outros vaticinam que são muitos os casos
em que o bebê nasce com a cara de outrem simplesmente pelo fato de haver a convivência
constante; por alguma grande admiração; quiçá, por alguma dessas coincidências
da vida, assim como pode uma mulher morena, casada com um homem também moreno,
ter dois filhos, gêmeos ou não, sendo um branco de olhos de folha seca e outro
moreno de olhos acastanhados.
Ainda não consegui
chegar a qualquer conclusão plausível sobre o caso de Capitu. Isto, porém, não
há de causar qualquer estranhamento ao leitor, afinal, nunca consigo chegar à
conclusão sobre nada que valha a pena. Mesmo tendo lido umas três vezes a obra
de Machado, levando em consideração o fato de serem os Realistas extremamente
pessimistas, ainda tendo a dar um voto de confiança ao fato de que Bentinho
fosse um ser, sobretudo, cismado, talvez, embora carioca (ou fluminense), quase
um mineiro em sua essência. Assim, talvez ela o tenha traído, ou, quem sabe,
ele esteja cheio de cismas somente.
Mas, eis que me surgem
algumas dúvidas: quem seria Capitu nesta operação? O Joesley?! Escobar seriam os tantos políticos, empresários
e todo mundo que está sendo preso?! Certamente, o povo somos os Bentinhos da
vida. Sempre traídos, mas, não menos, sempre esperançosos de que tudo seja uma
grande mentira. Uma armação vagabunda do destino, sempre com suas brincadeiras
sem graça.
Excelente!
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