Sempre que chove é a
mesma coisa. Seu Antônio, que mora na roça e precisa da chuva para que o
feijão, que já está grandinho, escape; para que o milho não morra; para que a
barraginha não acabe de secar, agradece a Deus pela bênção que cai dos céus. Já
até pediu que Benvinda reze o Rosário, que é pra agradecer. E quando for à
cidade, ele vai mandar rezar uma missa pra São Pedro, que abriu as torneiras lá
em cima.
Pedrelina não gosta de
chuva. Se chove muito, a casa alaga; os meninos não podem ir à escola; as
roupas vão acumulando no cesto, sem que ela possa lavar e secar. Quando Zé
voltar do Maranhão, onde trabalha numa firma de carvão vegetal, vai chegar ele
no canto: ou eles mudam pra uma rua lá de cima, pra uma casa decente, com
varanda pra lavar e secar as roupas, onde a água não entre e até onde o carro
consegue chegar pra pegar os meninos, ou ela vai embora.
Benvinda torce pra que
inverne. Tomara que a chuva caia até o início de dezembro. Daí o feijão firma e
dá pra colher. Depois ela volta de novo e só para em fevereiro, que aí Luciana
volta. Luciana é filha de Benvinda e Seu Antônio. Menina nova, estudada, que
sempre liga na casa de Joaquina e manda avisar que em Belo Horizonte tá tudo
bem, que volta no início do ano que vem, depois que se arranjar por lá, que
comprar um carrinho e tiver dinheiro para comprar um barraco na cidade.
Zé faz tempo que não
liga. Todo mês deposita duzentos reais pra Pedrelina, que é pra feira, pras
contas e pra comprar roupa pra os meninos. Pedrelina espera que ele volte em
dezembro, mas, ele não sabe se volta pra ela ou se vai morar com Luciana, que
nunca foi pra BH, que saiu direto pra o Maranhão, quando Zé veio em casa pela
última vez, há uns seis meses.
A chuva cai mansa sobre
o telhado. Benvinda reza agradecendo a chuva e pedindo pela filha, enquanto Seu
Antônio, sentado num banquinho, olhando a chuva lá fora, prepara um grosso
cigarro de palha. Pedrelina, deitada no sofá, assiste ao Globo Rural, torcendo
pra chuva não engrossar, enquanto os meninos ainda dormem no quartinho dos
fundos. Zé e Luciana dormem agarradinhos, depois de uma noite agitada no forró
de Tuniquim. Talvez nem voltem mais;
pois Luciana já está até sentindo enjoos e entoteando. Pode ser que esteja
esperando bebê.
Em Juiz de Fora quando chovia muito as casas no bairro industrial ficavam alagadas,um amigo muito cansado desse problema,mudou-se para o Bairro São Pedro na parte alta da cidade. Parecia ter resolvido os seus problemas porém, após 15 dias de chuva casas foram interditadas por risco de desabamento de barrancos, então o amigo Manoel encontrou outro problema para perturba-lo.
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