sábado, 12 de outubro de 2019

O TRISTE CANTAR DE UM AMOR (Mutação)

A última vez em que cantei
senti que uma força estranha
me possuía, tal como um gozo,
tal como um êxtase, que me
subia pelo corpo magro e vagava
pelos olhos, pela boca, pelos ouvidos
e sumia, sem chegar à mente.

E nunca mais cantei!

Um sorriso surgia-me dos lábios
tal como uma rosa, que se abre
sob os cânticos de um beija-flor apaixonado;
e um brilho tão rútilo quanto o sol,
nascia dos meus olhos infames, tal como
um bebê que nasce das entranhas
de um bem querer. E como era bom!

E nunca mais cantei!

Notava que minhas mãos tremiam,
meus pés, frios, suavam e minha
garganta secava, como que em sede de amor.
E um desejo de amar fazia pulsar
o meu sincero coração pequeno...
E ele crescia... crescia... crescia...
E saltava da boca, como um jato de emoção.

E nunca mais cantei!


Elismar Santos 12/10/ 2002

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