Foram três dias longe de casa. Um velho amigo do meu pai me dera o pouso necessário. Eu tinha dito que iria ver uns gados pelos lados de Baluarte, mas, sobre o pretexto das fortes chuvas que caíram, fiquei por três dias em sua casa.
A saudade de Candinha era dolorosa para minha alma, mas eu precisava me manter firme, demonstrar interesse na procura do meu amigo. A verdade é que não me interessava nem um pouco que o mesmo fosse encontrado. Se vivo, seria um atropelo justificar a tentativa de homicídio; se morto, seria uma eterna lembrança, um fardo a separar Candinha de mim.
Enquanto estive na casa de Gilermando, o amigo do meu pai, fui tratado com todas as pompas e circunstâncias; ainda assim, nunca estivera satisfeito. Faltava-me a felicidade, doíam-me as saudades de Candinha. Por isso, no terceiro dia, saí ainda de madrugada, contra a vontade do velho, quase em desespero.
A viagem parecia não ter fim. As lembranças misturavam-se na minha cabeça. Lembrava-me do meu amigo Arnaldo, das nossas conversas na varanda enquanto tomávamos café com bolo de fubá ou uma dose de pinga com tiragosto. E as imagens misturavam-se com a esperança de que Candinha me esperasse junto à entrada do Sarará, que viesse ao meu encontro, me abraçasse, já se esquecendo do falecido.
Candinha não estava na cancela; não viera me esperar. Meu coração bateu forte e uma enorme tristeza tomou a minha alma. Retomei a minha coragem e continuei o meu caminho. Imaginei a esposa do meu amigo jogada sobre a cama, chorando, ainda gritando pelo pobre diabo. E isto me causava raiva, uma grande raiva do Arnaldo.
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