domingo, 17 de novembro de 2019

O DIA SEGUINTE

O dia amanheceu chuvoso. Candinha levantou-se bem cedo e eu já estava tomando o café com pães de queijo preparados por Maria. Ela disse que tinha passado quase a noite toda acordada, só adormecendo quando já era quase de manhã.

Os olhos da viúva do Arnaldo continuavam inchados e ela estava com grandes olheiras, certamente tinha chorado bastante durante a noite. Insisti que se sentasse e tomasse o café. Maria se retirou para a cozinha. Candinha não queria o café, disse que  precisava procurar o marido, pois ele ainda não tinha aparecido. Voltaria para a sua casa e ficaria a esperá-lo, pois, quando voltasse, não gostaria de vê-la fora de casa.

Eu quis dizer toda a verdade; falar que eu tinha mandado matá-lo e que ele não voltaria. Ela haveria de me perdoar e, se o fizesse, eu a convenceria a morar comigo. Não tive coragem; calei-me e deixei que ela mantivesse suas esperanças. Era preciso ter calma e fazer tudo sem precipitações, afinal, o tempo é senhor de tudo e tudo haveria de se arrumar.

Ela não quis o café. Ainda estava com a camisola da noite anterior e nem se preocupava que eu a olhasse, talvez nem mesmo tivesse notado o quanto eu a desejava. Prometi que sairia a procura do meu amigo e que não voltaria ao Sarará enquanto houvesse a mínima esperança de encontrá-lo, com vida ou não. Ela agradeceu-me com um abraço. O seu cheiro era bom e sua pele era quente, fazendo o meu peito acelerar. Depois, preparei o meu cavalo e partir rumo ao Pitão; haveria de passar uns dias por lá, até que tudo se acalmasse.

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