Em meio à tarde abafada, as nuvens vão se encaixando no céu, trombando umas nas outras, fazendo barulho e criando desenhos. Elas escondem o sol quase por inteiro e deixam apenas uma brecha por onde ele possa nos iluminar.
Se você, caro leitor, bem olhar para o céu neste instante, talvez consiga ainda ver as figuras que passeiam sobre nossas cabeças e, quem sabe, pode ser que sinta os mesmos sentimentos que nos encantavam em outros tempos.
É possível que, com um mínimo de esforço, veja o pequeno elefante que se equilibra nas patas traseiras, a tartaruga que caminha lentamente para o norte ou o cavalo que se contorse detrás de uma montanha de algodão.
Caso faça um pouco mais de esforço e feche os olhos por um momento, poderá viajar por entre as nuvens e, quem sabe, chegar mesmo a tocar a lua, como fazem as crianças, os loucos e os poetas; assim como também fazem os apaixonados quando sonham com suas amadas.
Mas tudo isso precisa de um pouco de esforço. Para ser ver o céu e as nuvens; para voar e sentir, é preciso olhar para cima, é preciso fechar os olhos; é preciso se apaixonar. E tudo isso são coisas de há muito tempo.
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