O Orkut voltou, mas já não é mais o
mesmo. A verdade é que, embora nos neguemos a aceitar, nós também já não somos
os mesmos. E, às vezes, esta constatação dói. Muitos de nós, os tios de meia
idade, teimamos em ser os mesmos sujeitos da juventude, mas nos faltam o vigor,
a vivacidade, as aspirações e inspirações daquele tempo; restando-nos apenas a
nostalgia, e a consequente dor da lembrança.
O Orkut ainda tem o mesmo rosto, mas
desta vez não foi construído pelo seu idealizador, o senhor Orkut Büyükkökten, e
já na sua página inicial avisa que “O Orkut.br não tem vínculo com o Google e
não é o mesmo site que o Orkut.com”. Na verdade, a nova “velha” rede social trata-se
de um aplicativo criado por um fã, a fim de reavivar o Orkut, procurando manter
as suas características originais. Não sendo possível, portanto, resgatar as
nossas antigas contas.
Assim como diversos indivíduos, instalei
por um tempo o novo “velho” aplicativo, desinstalando-o rapidamente, após uma
breve olhada. Tudo é muito parecido, mas, não adianta, nada é como antes. E,
com o mesmo pensamento, comprei um minigame, uma bola dente de leite, um
estilingue e um tênis “Comandos em Ação”, daquele pisante que vinha com uma
fita do Rambo para amarrar na cabeça. Todos já estão obsoletos, jogados a um
canto do quarto.
Depois de observar tantas velharias sem
serventia, compreendi que apenas as lembranças já nos valem, tornando-se uma
grande bobagem a tentativa de reviver qualquer sentimento através de
aplicativos, brinquedos ou quaisquer loucuras retrôs. Por isso, desnudo da
minha velha camisa “Volta ao Mundo”, calcei as alpercatas e me recolhi ao
escritório, ficando por algum tempo escutando, na vitrola, os discos de Tom e Vinícius.
E, enquanto isso, imaginava o que se haveria de escrever nos Scraps de hoje em
dia!
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