A Copa do Mundo já bate à porta e, embora a
mídia tente incansavelmente, o interesse do brasileiro ainda não decolou. Ainda
não fomos imbuídos do espírito futebolístico que, em outros tempos, sempre
tomava a nossa alma. Ainda há tempo, e, mesmo que eu não acredite, pode ser que
nos transformemos no “País do Futebol” novamente, ao menos neste quase um mês
de Copa no Catar.
Neste
torneio, três atletas da seleção brasileira atuam no nosso futebol. Dentre os
26 convocados pelo Adenor, a grande maioria joga na Europa, sendo que alguns
nem mesmo chegaram a atuar por algum time brasileiro. E, apenas por
curiosidade, entre os convocados para o selecionado canarinho de 1982, apenas o
meia Falcão e o atacante Dirceu jogavam fora do Brasil.
A
verdade é que não temos uma Seleção brasileira, e isso nos distancia, esfria,
arrefece a nossa torcida. Nós, pobres mortais torcedores, gostamos de torcer
por quem está perto de nós; os mesmos com os quais brigamos quando perdem um
gol feito, quando engolem um frango monumental, quando não fazem a jogada que
traçamos perfeitamente nas nossas mentes.
O
brasileiro não gosta de torcer para estranhos. E não é que tenhamos raiva desses
pobres (?) jogadores. Da minha parte, até me afeiçoo com o Pombo, o Pedro e
mais um ou outro; mas, daí a torcer com afinco são outros quinhentos. E
reconheço que a culpa não é deles; afinal, os caras estão lá, trabalhando,
treinando, jogando... A culpa é do sistema, que faz com que os times cada vez
entreguem nossos jogadores mais cedo para a Europa, deixando aqui apenas os “comuns”
ou os “aposentados”.
Embora
falte menos de uma semana para a estreia do nosso selecionado, esperemos, para
ver se as ruas serão cobertas pelo verde e amarelo da nossa bandeira; se as
conversas sobre futebol alcançarão os bares, as repartições públicas, as nossas
casas; se as crianças começarão a correr pelas calçadas entoando os nomes dos
jogadores e soltando o grito de gol!
Essa
falta de empatia não significa que não torceremos. Eu estarei plantado em
frente a tevê, como, acredito, estarão quase todos os brasileiros, esperando
pelo Hexa; torcendo pela Copa do Neymar e cornetando o Adenor. Mas não esperem
que eu torça como em outras Copas; que eu pinte a minha rua, enfeite a minha
casa ou entoe cantos de guerra; afinal, convenhamos, o nosso futebol já não é
mais o mesmo.
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