quarta-feira, 16 de novembro de 2022

A COPA DISTANTE

 

          A Copa do Mundo já bate à porta e, embora a mídia tente incansavelmente, o interesse do brasileiro ainda não decolou. Ainda não fomos imbuídos do espírito futebolístico que, em outros tempos, sempre tomava a nossa alma. Ainda há tempo, e, mesmo que eu não acredite, pode ser que nos transformemos no “País do Futebol” novamente, ao menos neste quase um mês de Copa no Catar.

            Neste torneio, três atletas da seleção brasileira atuam no nosso futebol. Dentre os 26 convocados pelo Adenor, a grande maioria joga na Europa, sendo que alguns nem mesmo chegaram a atuar por algum time brasileiro. E, apenas por curiosidade, entre os convocados para o selecionado canarinho de 1982, apenas o meia Falcão e o atacante Dirceu jogavam fora do Brasil.

            A verdade é que não temos uma Seleção brasileira, e isso nos distancia, esfria, arrefece a nossa torcida. Nós, pobres mortais torcedores, gostamos de torcer por quem está perto de nós; os mesmos com os quais brigamos quando perdem um gol feito, quando engolem um frango monumental, quando não fazem a jogada que traçamos perfeitamente nas nossas mentes.

            O brasileiro não gosta de torcer para estranhos. E não é que tenhamos raiva desses pobres (?) jogadores. Da minha parte, até me afeiçoo com o Pombo, o Pedro e mais um ou outro; mas, daí a torcer com afinco são outros quinhentos. E reconheço que a culpa não é deles; afinal, os caras estão lá, trabalhando, treinando, jogando... A culpa é do sistema, que faz com que os times cada vez entreguem nossos jogadores mais cedo para a Europa, deixando aqui apenas os “comuns” ou os “aposentados”.

            Embora falte menos de uma semana para a estreia do nosso selecionado, esperemos, para ver se as ruas serão cobertas pelo verde e amarelo da nossa bandeira; se as conversas sobre futebol alcançarão os bares, as repartições públicas, as nossas casas; se as crianças começarão a correr pelas calçadas entoando os nomes dos jogadores e soltando o grito de gol!

            Essa falta de empatia não significa que não torceremos. Eu estarei plantado em frente a tevê, como, acredito, estarão quase todos os brasileiros, esperando pelo Hexa; torcendo pela Copa do Neymar e cornetando o Adenor. Mas não esperem que eu torça como em outras Copas; que eu pinte a minha rua, enfeite a minha casa ou entoe cantos de guerra; afinal, convenhamos, o nosso futebol já não é mais o mesmo.  

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