Do alto da torre de tv, vários sonhos viajam por Brasília. Assessores parlamentares, policiais federais, juízes, deputados, senadores... uma vastidão de desejos que passeiam sobre o Lagoa Paranoá, a igrejinha de Nossa Senhora de Fátima, a Quadra Modelo...
Nem mesmo as pesadas nuvens que se aproximam são capazes de esmorecê-los; e, entre os gritos do guardinha... bombeiro... humorista e... fotógrafo, em meio às pernas trêmulas, ao som dos corações acelerados, eles – os sonhos – se vestem de esperança, como se o futuro fosse apenas uma certeza a se completar.
Talvez nem mesmo Dom Bosco tenha sonhado com tamanha maravilha milimetricamente planejada: uma cidade de túneis, de enormidades, de responsabilidades; mais de três milhões de pessoas em meio ao cerrado, longe dos grandes centros, banhadas pela magnífica naturalidade de um lago artificial, protegidas pelos olhares das grandes estátuas, dos imponentes monumentos, das opulentas construções.
Quais daqueles sonhos ainda permanecerão; quais serão efêmeros devaneios? É impossível distinguir, entre tantos, o que é sonho, esperança, ou mera ilusão; assim como dentro daqueles pequeninos carros que transitam pelas enormes vias, diuturnamente, nunca se sabe se estão apenas homens, mulheres, crianças, ou se todos são sonhos que ainda perambulam pelas quadras, palácios e monumentos à espera do dia em que haverão de se realizar.
Qualquer transeunte, se olhar bem, não apenas com os olhos, mas, com a alma, ainda que agora, ou num futuro próximo, certamente avistará, dentre as grades da torre, vários sonhos que teimam em não voltar, à espera de que, em breve, seus donos retornem... talvez, assessores parlamentares, policiais federais, juízes, deputados, senadores ou, simplesmente, como cidadãos que tomaram as rédeas do seu destino e aprenderam a voar.
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