domingo, 6 de novembro de 2022

DE MÉDICO E JORNALISTA, TODO POVO TEM UM LOUCO

 

Em questões de doença, sou como todo brasileiro e sempre dou o meu jeitinho. Antes de ir ao médico, atenho-me aos chás que, ainda hoje, minha esposa cultiva no quintal de casa: Poejo, Hortelã, Capim santo e uma infinidade de folhas que curam da garganta aos rins, de acordo com os mais antigos.

            Já sobre o Jornalismo, minhas passagens deram-se amadoristicamente durante a adolescência e educativamente em quando professor. Talvez tenha sido o constante interesse pela comunicação quem me tenha despertado para essa área, embora sempre tenha tido dificuldades em iniciar conversações ou mesmo em responder às mínimas indagações que me eram dirigidas.

            A timidez era tamanha que, tempos depois, enquanto uma aluna descrevia à sua tia um professor de Português que contava piadas em sala de aula e conversava como uma tagarela, esta se assustou ao saber de quem se tratava, comentando, despretensiosamente que “ele era tão simplesinho coitado... e virou professor?!”.

            O menino virou professor, locutor, poeta, escritor e, durante um tempo, jornalista. É verdade que de jornaizinhos de vida curta e sem grandes pretensões; mas, convenhamos, uma enorme vitória para quem apenas lia e, como Drummond (quanta pretensão!), mineiramente, andava, conforme disse Belisa Ribeiro, no livro “Jornal do Brasil, História e Memória”, “meio que se escondendo, se encostando nas paredes, como se pudesse não ser visto”.

            Talvez tenha sido em 1997, se não, em 1998, que veio a primeira aventura jornalística, depois de ter acesso, pelas mãos de Leandro Alves, um amigo egresso do Colégio Agrícola de Montes Claros, que trouxe, à tiracolo, algumas edições de “Acuzada”, um jornalzinho de humor ácido que rodava por entre os alunos daquela instituição. Pois eis aí a sementinha que faltava para a criação de um semanal adolescente.

            “O Jornal” surgiu pelas mãos e ideias minhas e do Aparecido Jossan, um pau-pra-toda obra. Quando surgia uma ideia, bastava acioná-lo, que estava a postos para pôr em prática. Assim, a impressão acontecia com a ajuda do diretor do colégio, em folhas A4, que traziam poemas, poucas notícias locais, desenhos de artistas-estudantes e entrevistas com uma ou outra autoridade da cidade. Talvez tenham saído três ou quatro tiragens, cujos exemplares nunca mais vi ou sobre os quais ouvi falar.

            Já “Humorcego”, um jornal crítico-educativo, surgiu durante uma viagem à Capital Federal, dentro de um ônibus, à meia-noite, enquanto a chuva molhava o asfalto e as luzes dos carros atrapalhavam o sono dos passageiros, que conversavam ou mexiam nos celulares. Talvez fosse em 2010, quiçá, 2011.

            Deste ainda tenho um ou dois exemplares, em folha de papel-jornal, com letras bem definidas e Crônicas minhas, desenhos e pesquisas de alunos e verdadeiras obras de arte, cujos autores nem mesmo lembram que fizeram, mas que contribuíram para que o semanário tivesse uma crítica interessante entre os seus poucos leitores, que o leram em poucos números, talvez quatro ou cinco.

            Assim como duraram pouco, certamente não mais serão lembrados futuramente, sobretudo com a proliferação da internet e suas informações rápidas, efêmeras, superficiais. Também assim, talvez ninguém se lembrará do “Tejuco”, “A Comarca”, “A Tribuna” e tantos outros noticiosos corjesuenses, que contribuíram para as letras locais.

             Talvez não tenha mais remédio para a derrocada dos nossos jornais e o mais plausível seja aceitarmos que a internet, com suas grandes marcas, seja o futuro das nossas letras; senão, cabe a nós voltarmos às velhas ágoras e fazermos as nossas mais ricas ideias, alçando a voos maiores nomes grandes das nossas letras e artes, como: Valmintas, Gilberto Medeiros, Bira Macedo, Daniel Artes, Levy Lafetá, Daniel Oliva, e tantos outros que ainda guerreiam pela arte corjesuense.

           

2 comentários:

  1. Otima reflexão carissimo... E preocupante o rumo qur a arte de "FAZER" escrever... De mudar e fazer a mudança através das artes. Rumo incerto sera como um barco a deriva, pois não vejo Sucessores como os citados por você.

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  2. Crônica excelente, à altura do espírito criativo do autor que me lisonjeira ao colocar-me entre escritos e artistas grandiosos de Coração de Jesus. De fato parece que os jornais impressos vão, cada dia mais, tornando-se escassos. Talvez a alternativa seja os coletivos online.

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