quinta-feira, 10 de novembro de 2022

LIVROS, LIVROS

 

    Livros, livros; melhor não os ler. Mas se não os ler, como saber? Grosseiramente parafraseando Vinícius inicia-se esta Crônica. Para seguir a linha de pensamento, talvez pudesse ter-se apropriado de Drummond (Roberto ou Carlos), de Cora, ou mesmo de Cecília e Clarice, que não se fugiria ao pretendido, afinal, ler é construir os saberes.

            É prazeroso perceber que a leitura não exige bateria nem nos fere os olhos. Pode ser realizada debaixo de uma árvore, na sala de espera de um consultório, nos bancos de uma igreja em dia de casamento. O livro nos dá a liberdade de lê-lo sem pressa, a qualquer hora, onde quisermos, e entendê-lo como nos der na telha.

            É a leitura quem nos permite viajar, na velocidade da luz, numa dobra do tempo, num piscar de olhos. Ela que nos faz ir de Goiás Velho até a velha Itabira num virar de página; que nos deixa apaixonar por Julieta, sofrer por Diadorim, duvidar de Capitu.

            Nesse reino não existem amarras, nem prisões, penas de morte, quiçá julgamentos; todos os homens, mulheres e crianças são livres; todos os sonhos podem ser sonhados, vividos, mas, principalmente, devem ser escritos. E, acredite! Todos eles vêm com cheiro, sabor e sentimentos.

            Que atire a primeira pedra aquele que tendo lido o Grande Mentecapto não tenha se endoidado, ao menos um pouquinho, mesmo que de brincadeira, só para ver a delícia da loucura de Boaventura; que não tenha querido ser jagunço depois de ler o Grande Sertão; Veredas; senão, viajar pra Pasárgada e ser amigo do rei, assim como o é Bandeira.

            É verdade que não se deve escolher um livro pela capa; mas, convenhamos, ela faz toda a diferença. Também é verdade que ele pode ser lido nos ipads, ipods, celulares e mais um monte de lugares virtuais; mas, concordemos, não existe nada mais gostoso do que abrir um bom livro e sentir seu cheiro (de velho ou novo) tomando todo o ambiente e de passar as suas páginas, uma a uma, enquanto deleita cada palavra.

            Voltemos, pois, a época dos grandes leitores. Afinal, o que seria dos nossos renomados autores se não fossem os leitores a cobrá-los suas obras mais relevantes?! O que seria dos nossos melhores livros, se não fossem os nossos leitores?! E o que seria dos nossos leitores se não fossem os nossos grandes autores com seus majestosos livros. O que seria...

Nenhum comentário:

Postar um comentário