Livros, livros; melhor não os ler. Mas se não os
ler, como saber? Grosseiramente parafraseando Vinícius inicia-se esta Crônica.
Para seguir a linha de pensamento, talvez pudesse ter-se apropriado de Drummond
(Roberto ou Carlos), de Cora, ou mesmo de Cecília e Clarice, que não se fugiria
ao pretendido, afinal, ler é construir os saberes.
É
prazeroso perceber que a leitura não exige bateria nem nos fere os olhos. Pode
ser realizada debaixo de uma árvore, na sala de espera de um consultório, nos
bancos de uma igreja em dia de casamento. O livro nos dá a liberdade de lê-lo
sem pressa, a qualquer hora, onde quisermos, e entendê-lo como nos der na
telha.
É
a leitura quem nos permite viajar, na velocidade da luz, numa dobra do tempo,
num piscar de olhos. Ela que nos faz ir de Goiás Velho até a velha Itabira num
virar de página; que nos deixa apaixonar por Julieta, sofrer por Diadorim,
duvidar de Capitu.
Nesse
reino não existem amarras, nem prisões, penas de morte, quiçá julgamentos;
todos os homens, mulheres e crianças são livres; todos os sonhos podem ser
sonhados, vividos, mas, principalmente, devem ser escritos. E, acredite! Todos
eles vêm com cheiro, sabor e sentimentos.
Que
atire a primeira pedra aquele que tendo lido o Grande Mentecapto não tenha se
endoidado, ao menos um pouquinho, mesmo que de brincadeira, só para ver a
delícia da loucura de Boaventura; que não tenha querido ser jagunço depois de
ler o Grande Sertão; Veredas; senão, viajar pra Pasárgada e ser amigo do rei,
assim como o é Bandeira.
É
verdade que não se deve escolher um livro pela capa; mas, convenhamos, ela faz
toda a diferença. Também é verdade que ele pode ser lido nos ipads, ipods,
celulares e mais um monte de lugares virtuais; mas, concordemos, não existe
nada mais gostoso do que abrir um bom livro e sentir seu cheiro (de velho ou
novo) tomando todo o ambiente e de passar as suas páginas, uma a uma, enquanto
deleita cada palavra.
Voltemos,
pois, a época dos grandes leitores. Afinal, o que seria dos nossos renomados
autores se não fossem os leitores a cobrá-los suas obras mais relevantes?! O
que seria dos nossos melhores livros, se não fossem os nossos leitores?! E o
que seria dos nossos leitores se não fossem os nossos grandes autores com seus
majestosos livros. O que seria...
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