Quando falaram que aquele deputado tinha uma lavanderia,
logo pensei naqueles locais onde se lavam as roupas. Só depois é que me falaram
que se tratava de lavagem de dinheiro. E o mais incrível de tudo é que quase
todos os deputados, senadores, governadores e presidentes – sem falar dos
prefeitos e vereadores – possuem suas lavanderias. Assim, talvez, nenhum deles
possua dinheiro sujo. Ou não?!
A vida política é muito complicada. Quando eu era
telespectador assíduo das TVs Câmara e Senado, gostava de ouvir as palavras do
Demóstenes, do DEM, que, com sua voz mansa e equilibrada, demonstrava um grande
caráter e seriedade imensurável. Só depois fui ligar o nome à figura diabólica.
Talvez não tenha nenhuma ligação, mas, Demóstenes quase rima com demônio.
Quando estive em Brasília, em finais de 2011, tudo me
pareceu falso por lá. Não o povo, gente trabalhadeira, a grande maioria
oriundas de outros estados, principalmente da região nordeste do país. Falo dos
políticos, com seus jeitos serenos e olhar de lince. Acho que por isso, quando
fui à Câmara Federal, e por lá perambulei por algum tempo, não me senti bem. Tinha
algo de sujo no ar.
Acho que as lavanderias são uma boa idéia. Mas não se
deveriam lavar dinheiro. Dever-se-ia era lavar a cabeça de cada corrupto que
por lá perambula. E não me venham com a ideia de que os brasilienses sejam
todos corruptos. Vide: a maioria dos deputados é oriunda de outros estados.
Como dizem alguns candangos: “A corrupção não é só de Brasília, muito dela
chega dentro dos aviões que pousam no JK”.
De fato, a única lavanderia que conheci era a do
Buriti; bem lá em cima, já perto do São Crispim. E lá não se lava dinheiro. Eu
era ainda criança e via as mulheres com a barriga escorada nos tanques, batendo
roupas, escovando, passando água e cantando. Outras, que não tinham o dinheiro
nem o ingresso ao recinto, iam até a barragem do Renovação e, enquanto cantavam
ou contavam causos, batiam as roupas na pedra, como se espancassem essa vida
maldita, e corrupta.